18082013
A anestesia para o parto
Médico e paciente devem discutir juntos os diversos tipos e indicações de analgesia
Desde a confirmação da gravidez, diversas são as dúvidas das futuras mamães, especialmente as de primeira viagem.
Algumas delas, no entanto, podem ser facilmente resolvidas com uma boa conversa com um especialista.
É o caso da anestesia para o parto.
Várias são as técnicas e indicações, e ninguém melhor do que o médico anestesiologista para explicar às gestantes como funciona todo o processo de analgesia, e quais as indicações para cada caso.
As anestesia regionais, entre as quais se destacam os bloqueios neuroaxiais (peridural, raquianestesia e combinada raqui-peridural) são as mais utilizadas, explica o dr.
Carlos Othon Bastos, membro da Comissão Científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e ex-presidente do Comitê de Anestesia em Obstetrícia da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Aplicadas adequadamente, são capazes de abolir completamente a dor de qualquer fase evolutiva do trabalho de parto, inclusive no parto normal.
“O parto normal, com a utilização de técnicas adequadas de analgesia espinhal, apresenta inúmeras vantagens para o binômio materno-fetal”, afirma dr. Carlos.
Além disso, explica ele, a anestesia diminui a sobrecarga cardiorrespiratória materna, que pode se tornar bastante intensa na progressão do trabalho de parto.
“Ao aplicar a anestesia, reduzimos a liberação de catecol minas e outros hormônios e substâncias ligadas ao estresse e à dor, o que repercute de forma positiva sobre o concepto contribuindo para a manutenção de adequado fluxo sanguíneo útero-placentário”.
Os avanços da anestesia
Um recente marco na anestesiologia foram os diversos estudos favoráveis e consequente proliferação do uso de opióides espinhais na década de 90, permitindo a redução significativa da concentração e da dose de anestésicos.
“Estes fármacos possibilitam a abolição da dor, porém mantêm o tônus motor e o equilíbrio necessários para um bom andamento do parto”, explica o anestesiologista.
Mitos e verdades
Um equívoco bastante comum é achar que a anestesia pode prejudicar a dilatação do colo do útero durante o trabalho de parto.
“Se realizada de forma adequada, com fármacos em quantidades e concentrações ideais, a anestesia regional interfere de forma mínima e, às vezes, até mesmo benéfica na evolução da dilatação do colo uterino.
Assim, causamos diminuição insignificante da força motora, mantendo a capacidade da parturiente de atuar de forma ativa para o nascimento do concepto através dos esforços expulsivos”, pondera dr. Carlos.
Prevenção de riscos
Apesar dos benefícios da peridural, há algumas contra-indicações.
Mulheres que apresentem distúrbios adquiridos ou congênitos de coagulação, ou portadoras de algumas cardiopatias e doenças neurológicas, não devem se submeter a esse procedimento anestésico.
Nestes casos, é necessário disponibilizar métodos alternativos de analgesia, como técnicas sistêmicas, para que não se privem do alívio da dor.
Complicações ocasionadas pela anestesia, embora raras, podem acontecer.
Por isso, a anestesia deve ser realizada por médico anestesiologista, que é o profissional adequadamente treinado para o procedimento.
Além disso, ter os equipamentos necessários para a analgesia e monitoramento da parturiente e do feto é imprescindível para identificar e tratar precocemente eventual intercorrência.
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